domingo, 31 de dezembro de 2006

31 de dezembro de 2006 / 1 de janeiro de 2007: Feliz Ano Novo!

Último dia do ano!

Para finalizar 2006 e iniciar 2007 em grande estilo, publico hoje um poema de Carlos Drummond de Andrade. A idéia veio de uma amiga* que me desejou um Feliz 2007 com uma poesia de Mário Quintana. O poema era "Esperança".

Sendo assim, aqui vai uma
"Receita de ano novo" e votos de um Ano Novo feliz e repleto de lirismo para todos!!!


"Receita de ano novo", Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

*Bia, este post é pra você!!! :)

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Promessas para o Ano Novo - parte 2: A missão!

Prometo ouvir mais música popular brasileira!

Prometo dormir mais cedo!

Prometo acordar mais cedo!

Prometo dirigir mais!


Prometo ...



Ah, eu prometo prometer promessas dignar de promessas! pois Ano novo sem promessa não é Ano novo feliz! :)

Promessas para o Ano Novo!

Prometo estudar mais!

Prometo ler mais!

Prometo atualizar semanalmente o blog!


Prometo preparar o projeto por mestrado!

Prometo estudar español! (caso contrário, não tem mestrado!)

Prometo emagreçer alguns kilos!

Prometo ir mais no cinema!

Prometo ....

Prometo fazer o que não fiz em 2006. E, principalmente, ser FELIZ! :)


Feliz 2007!

Entre o Natal e o Ano Novo: Reflexões sobre 2006

É! Mais um Natal que se foi! E logo logo mais um Ano que se vai! Vai para onde? .....

.... provavelmente teremos que esperá-lo começar!!! Até lá, só nos resta imaginar 2007!

domingo, 26 de novembro de 2006

Enfim o fim!

Finalmente finalizei o meu feliz texto! Mas o final feliz só aconteceu em Uberlândia! Mais precisamente na Universidade Federal de Uberlândia.
Foram 3 dias muito produtivos e altamente literários! Respirei Literatura, conversei Literatura, almoçei Literatura, ou seja, foi Literatura do começo ao fim!
Além disso, conheci gente, também apaixonada por Literatura; conheci autores, livros, pontos de vistas, interpretações, e paixões. Fiz novos amigos e amigas, aprendi novas velhas teorias, e o melhor, descobri que estou a caminho do meu projeto... apesar das idéias estarem profundamente misturadas.
Mas em breve chegarei ao fim dessa história, dessa novela, desse "novelo de racioncínio", pois, como dizem, se ainda não chegou ao fim é porque ainda não é o fim!

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

A difícil arte de costurar um texto

Falta-me palavras, linhas, agulhas, tecidos e, principalmente, organização mental clara na construção do ensaio sobre "O vestido cor-de-rosa", de César Aira. E falta-me tão pouco!


Antes do texto ganhar sua forma definitiva, há um grande percurso a se seguir. Ele é maior que o pampa argentino. Ele é o pensar. Porém, apesar dos percausos comuns nessa aventura, o final está próximo, assim como o final do conto, que transcrevo um pedaço aqui.


"O conto de Asís cresceu muito lentamente no vale ao longo dos anos. Não tinha um enredo complicado, o que equivale a dizer que não tinha enredo algum. Demorou muito a encontrar sua forma, talvez porque se tratasse da forma de um sentido, sem esse sentido." (Aira, 1990, p. 186)

domingo, 5 de novembro de 2006

Vai fechar???

Visto que o tempo não tem colaborado para o escrivimento(!) deste blog, não me resta outra alternativa a não ser... Fechar o Bar????
Não! A situação está grave, mas não é pra tanto! Além do mais, isto aqui é um blog. E a única coisa servida aqui é PALAVRAS ESCRITAS. E muito bem escritas! :)

O velho dilema: O TEMPO!

A desculpa é velha e batida, mas infelizmente não há outra. Então vamos a ela:

TEMPO. PURA FALTA DE TEMPO.

Como eu disse, a desculpa, para não atualizar o blog, é bem velha! :)

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Feliz dia da Crianças!

Já que hoje é um dia no mínimo bastante infantil! Resolvi postar algumas tirinhas com personagens infantis. Porém, devo fazer um aviso: não se assuste se ao logo da leitura você começar a rir. É inevitável!















Observação Importantíssima: Quero parabenizar Rafael Luz, Minduim e Lugosi pelo maravilhoso trabalho que realizam. Eles são os donos dos blogs Deposito do Calvin, Tiras do Snoopy e Clube da Mafalda, respectivamente. Graças a eles, passei um dos meus melhores feriados de dia da criança! Valeu!

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Cadê o texto que deveria estar aqui???

O gato comeu. Ou a dona deste blog ainda não o escreveu!

Ideias não me faltam, mas o tempo, o trabalho, os compromissos, entre outras coisas, não estão colaborando. Já estou ficando um pouco angustiada, mas nada que algumas horas de trabalho intenso e pesado não resolva.

Em tempo, trabalho intenso e pesado é pensar e escrever sem enlouquecer porque não encontrou um sinônimo para aquela palavrinha chatinha!!!

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Vamos cantar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Estou inspiradíssima hoje! Porém, faltam-me palavras, mas não a ideia. E que ideia boa é essa de cantar não achas, Carinhoso leitor?


Carinhoso”, de Pixinguinha e de João de Barro* e na voz de Elis Regina

Meu coração
Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim

Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz




*Música da MPB

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

11 de setembro de 2006: cinco anos depois.

Símbolo do Capitalismo Americano. Símbolo da maior cidade da América: Nova Iorque. Símbolo do maior ataque terrorista que o mundo já viu.

Em 2001, as torres gêmeas do World Trade Center são atacadas. As cenas transmitidas ao vivo eram impressionantes. Passados cinco anos, essas mesmas imagens ainda impressionam. E continuarão a impressionar.

Lembro-me que no dia 11 de setembro de 2001, estava na faculdade, mais exatamente, na sala de comunicação, pegando uma fita de vídeo. Nessa sala, uma tv mostrava os aviões sendo atirados contra as torres. Por um minuto, pensei que se tratava de um filme. Tanto que perguntei se era realmente um filme.

Doce ilusão. Era a mais pura realidade. Realidade amarga, na verdade, pois agora ao olhamos o vazio das torres, nos lembramos do vazio que as vidas humanas deixaram e continuarão deixando por todo sempre.




Foto aérea mostra o Marco Zero, cinco anos após os ataques ao World Trade Center.



Fonte: Vincent Lafort/New York Times/Uol Últimas Notícias

domingo, 3 de setembro de 2006

A palavra, a foto e o silêncio

Esta é a foto.
Desde sua publicação no blog
<http://www.alcinea.zip.net>, a jornalista Alcinéa Cavalcante foi proibida de exercer não só seu trabalho, como também a sua liberdade de expressão, sua palavra. Apesar do silêncio imposto judicialmente, Alcinéa não se calou. E nem irá se calar.

Um dito popular diz que “uma foto vale mais que mil palavras”. Mas, uma foto só substitui a palavra, quando estas são insuficientes para descrever uma cena em questão. No caso da foto acima, temos que concordar que realmente ela vale mais que mil palavras. Tanto que por causa dela, o candidato ao Senado por Amapá, José Sarney tirou a palavra da jornalista.

Entretanto, engana-se quem pensa que a foto acima substituirá e, principalmente, calará a palavra. Na verdade, uma imagem tem sua força expressiva associada à visão. Por mais que se busquem as palavras certas, uma foto, uma pintura, um desenho, uma charge provoca mais reações, pois o impacto visual é imediato.

Já a palavra tem uma força e um poder que instiga e causa ações lentamente. Ela seduz e fisga o leitor vagarosamente. É impossível fugir de seu encanto, pois com a palavra, nós, profissionais da escrita, “prendemos” nosso leitores/vítimas. Apesar da suposta prisão, é por meio da palavra que criticamos, opinamos, refletimos os problemas e as soluções a respeito do mundo e da vida. Além disso, sem palavra não há vida.

Portanto, pode até ser que a censura tenha conseguido calar a palavra de Alcinéa, mas ainda teremos seu eco materializado na foto e nos inúmeros blogs que usam a palavra para criar e recriar a vida e a liberdade de expressão.

sábado, 2 de setembro de 2006

Xô Censura!!!!!!



Visto a camisa! Assino em baixo! Dou um boi pra entrar nesta briga!!!
A imagem acima faz parte da campanha de apoio ao blog de Alcinéa Cavalcante, que corajosamente luta por liberdade de expressão, no sentido mais amplo da palavra.

Após a publicar uma foto de um muro que expressava os sentimentos dos eleitores de Amapá em relação ao Senador José Sarney. O “excelentíssimo” Senador, sentindo-se ofendido, procurou a Justiça para que esta tomasse as devidas providências contra o blog de Alcinéia.

E o que parecia inimaginável, tornou-se real. Infelizmente, a Justiça fez Alcinéa não só mudar de endereço virtual, como também retirar seus textos e a foto, que segundo o partido do Senador maranhense (?) era uma “publicação ofensiva”.

Num país democrático como o nosso, é triste e ao mesmo tempo revoltante ver que opiniões como da foto sejam censuradas, pois um “ilustre” Senador se sentiu desmoralizado, afrontado, humilhado, entre outros adjetivos.

Provavelmente o ex-presidente se esqueceu que vivemos num regime de DEMOCRACIA. Ou, quem sabe, ele desconhece o significado da palavra LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
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01 Setembro 2006

SARNEY NÃO VAI CONSEGUIR ME CALAR

Revendo seu posicionamento anterior, o juiz eleitoral Luiz Carlos Gomes dos Santos acatou seis pedidos de liminar da coligação do senador José Sarney (PMDB-AP) e determinou hoje que sejam retirados do ar seis ?posts? do meu blog alcinea.zip.net e comentários de leitores, chegando ao absurdo de mandar retirar até os comentários onde os leitores me parabenizam pela minha luta pelo direito à liberdade de expressão.

Os posts que o TRE-AP determinou que fossem retirados são os seguintes;
- Gracinha do Sarney
- O blog Repiquete está fora do ar
- Elections: climat tendu dans l?Amapá (transcrito do site http://www.brasilyane.com/)
- Sarney se queixa ao bispo (transcrito do site http://www.claudiohumberto.com.br/)
- Desistam. Suas ameaças não vão me calar
- e a relação de links para blogs e sites divulgada dia 27.

Em menos de uma semana, Sarney moveu nove ações contra meu blog. O advogado de Sarney chama-se Fernando Aurélio de Azevedo Aquino, funcionário concursado do Senado Federal.
No momento em que eu estava cumprindo a determinação judicial, o UOL no maior desrespeito ao assinante, aos leitores e à liberdade de expressão, tirou o meu blog do ar, repetindo a presepada que já havia feito com a minha irmã Alcilene Cavalcante no dia 24.
O meu blog alcinea.zip.net era o mais lido e comentado do Amapá. Recentemente, num concurso foi eleito ?O blog mais bacana do Amapá?.
Mas não vou me calar.
Meu blog procurou asilo no exterior e com a ajuda de amigos conseguiu.
Agora estou aqui, onde a tesoura afiada de Sarney não alcança.

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Para nossa alegria e felicidade, Alcinéa Cavalcante está num novo blog http://alcineacavalcante.blogspot.com/. Sendo assim: Seja Bem-Vinda!!!!!

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

31 de agosto: DIA INTERNACIONAL DO BLOG.

Blogueiros e blogueiras deste mundão veio sem porteira que é a internet... PARABÉNS!!!!! Hoje é o seu dia!!!! Na realidade, hoje é o Dia Internacional do Blog!

Segundo a Wikipédia,
Blog é uma “página da Web cujas atualizações (chamadas posts) são organizadas cronologicamente (como um histórico ou diário). Estes posts podem ou não pertencer ao mesmo gênero de escrita, se referir ao mesmo assunto ou à mesma pessoa. A maioria dos blogs são miscelâneas onde os blogueiros escrevem com total liberdade”.

Ou seja, o blog é um espaço para se escrever, ordenadamente ou não, e com total liberdade! E o espírito é este: escreve com liberdade. Escrever livre, leve e solto!!! E i
ndependente do assunto, do tema, da questão, enfim, da ideia que se post no blog, a liberdade deve ser o fio condutor, a linha a se seguir.

Em meus mergulhos virtuais no mar de blogs que povoam a internet, noto que a liberdade de expressão é peça chave e busca constante, especialmente naqueles em que a noticia é o astro principal. Seria incoerente se acontecesse ao contrário, uma vez que a tônica do jornalismo é a liberdade de falar, de escrever, de expressar. Admiro aqueles que buscam no dia-a-dia não só a liberdade, mas também a verdade, ou pelo uma menos manipulada.

Num mundo excessivamente, exageradamente, entre outros “mente”; repleto de informações é natural se perder ou se afogar em meio a tanta notícia, novidade, etc.. Porém, podemos contar com pequenos portos seguros, onde a liberdade se faz presente e atuante, pois sem ela não há opinião, escolha, reflexão, mudança.

Que a molecada blogueira deste mundão veio da internet continue escrevendo... livre, leve e solto! Nós, seus leitores, agradecemos! E já
 que a Literatura é o foco principal neste blog, nada melhor que terminar esta atualização com palavras altamente poéticas!


Escritura, Octávo Paz*


Yo dibujo estas letras
como el día dibuja sus imágenes
y sopla sobre ellas y no vuelve





E como hoje é dia do blog, é melhor indicar um também, não é Marcelo Tas? :)

terça-feira, 29 de agosto de 2006

E o desejo de aniversário?????


Todo bom aniversário que se preste, precisa de bolo, velas e, principalmente, de desejo.

E sendo eu a criadora deste blog aniversariante, só tenho um desejo: escrever sempre!!!

Completamos um mês!!!!

Para quem não sabe, este blog completou no dia 28 de agosto um mês no ar.

Provavelmente vão dizer: Feliz Aniversário! Parabéns! Felicidades! etc, etc, etc, etc...

Devo confessar e confesso tranquilamente, (oh sinceridade crônica!!!) que neste primeiro mês de vida, as coisas saíram, mais ou menos, como eu gostaria. Na realidade, as coisas saíram com atraso, mas saíram. Inclua também, além das atualizações, a escrivinhação (existe esta palavra???) dos textos que alimentaram (bonito não?) este pequeno espaço reflexivo, com ares literários!

Porém, apesar dos inúmeros previstos e imprevistos, estou feliz! O Palavra Escrita está crescendo, se desenvolvendo plenamente. Mesmo com as poucas visitas (o contador deve estar quebrado!!!), os visitantes são sempre unânimes: O blog está lindo, legal, bacana, chique, bonito, etc, etc, etc.. Enfim, só elogios e todos altamente positivos!

É maravilhoso saber que este trabalho duro, o de escrever quase que diariamente, é e está sendo reconhecido. Porque, no fundo, todo mundo escreve para ser lido! E o grande barato, sem sombra de duvida, é escrever, para depois ser lido, comentado, analisado, estudado, etc, etc, etc, etc, etc...

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Entre um texto e outro, um pequeno espaço temporal

O último texto foi postado dia 03 de agosto. Hoje é dia... 15 de agosto! O que a falta de inspiração não faz!!!

Inspiração? Ou respiração? Hum.... não sei, mas creio que isto está mais pra falta de coragem, conhecida popularmente como PREGUIÇA!!!

Palavra forte, não? Mas ela resume perfeitamente a situação desta que lhes fala! E às vezes, torna-se essencial falar a verdade! Ou, no caso do blog, escrever a verdade. E já que a verdade surgiu, assim tão de repente, alguém pode perguntar: quando teremos palavra nova no Palavra Escrita?

Então eu, a autora deste blog respondo, mas não antes de um llllllllllllllllllllooooooooooooonnnnnnnnnnngggggggggggooooooooooo pensar, que dentro em breve haverá palavras. Agora se serão novas, isso já é outra história! rsrsrsrsrs

Depois de algumas palavras mais ou menos, nada melhor que terminar o dia e começar a noite, ou começar dia e terminar a noite lendo um poema verdadeiramente novo, caso você nunca o tenha lido!


Verdade, Carlos Drummond de Andrade*


A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.



quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Um pouco de magia para alegrar a vida!

Certas palavras*

Certas palavras não podem ser ditas
em qualquer lugar e hora qualquer.
Estritamente reservadas
para companheiros de confiança,
devem ser sacralmente pronunciadas
em tom muito especial
lá onde a polícia dos adultos
não adivinha nem alcança.

Entretanto são palavras simples:
definem
partes do corpo, movimentos, atos
do viver que só os grandes se permitem
e a nós é defendido por sentença
dos séculos.

E tudo é proibido. Então, falamos.


A palavra*

Já não quero dicionários
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.

Que resumiria o mundo
e o substituiria.

Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.


A palavra mágica*

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.



Os poemas acima são de Carlos Drummond de Andrade, que soube como ninguém usar as palavras!



Vou escrever, escrever, escrever, escrever...

Quando me perguntam, em especial meus alegres e falantes alunos, por que optei por Letras sempre digo que o pré-requisito do curso era ler e escrever, e já que gostava de fazer os dois, pensei que seria interessante unir o útil ao agradável!

Uma vez lá, descobri que realmente gostava e ainda gosto, muitíssimo, de ler e de escrever. Na realidade, foi mais do que isso! Descobri também que o meu lugar era entre livros, histórias, narrativas, contos, poesias, histórias em quadrinhos... Enfim, onde houvesse palavra meu lugar era ali!


Escrever sobre o quê!


PALAVRA ESCRITA, como já comentei, surgiu após uma visita ao blog de Ricardo Miyake e de um antigo desejo de escrever. Ou seja, nada se cria tudo se copia! Porém, mais do que influência, positiva, diga se de passagem; sempre cobicei escrever e publicar. Não importava muito o tema, escrever era algo presente e recorrente na minha vida!

Entretanto, após uma temporada mergulhada num apaixonante mar de letrinhas, sem direito a salva-vidas, torna-se inevitável não escrever sobre Literatura e leitura; sobre livros e quadrinhos; sobre internet, cinema; pequenas e grandes histórias, ficções de vida, realizações de arte!

Na verdade, a vida só ganha vida quando esta é materializada por meio da palavra. Seja ela falada ou escrita, a palavra é a intermediação entre o sonho e a realidade, entre sutil e o explicito, entre o dito e o não dito.

Assim, caro leitor, este espaço virtual será um local para falar e, principalmente, para escrever sobre palavras magicamente manipuladas, que uma vez lidas nos transforma em seres altamente perigosos, pois ao mesmo tempo em que sonhamos, também criticamos!

segunda-feira, 31 de julho de 2006

Mário Quintana: 100 anos de poesia.

Os poemas*

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...






Nada melhor que começar a semana com poesia. Com poesia de Mário Quintana. 

Nascido há 100 anos, sua poesia tem uma linguagem simples, mas não pense que isso seja ruim. Pelo contrário, segundo a cultura popular, adaptando à Literatura, escrever simples não é fácil. 

Entretanto, é na simplicidade que se encontra o belo. Sendo assim, é mais do que natural ler beleza nos poemas de Mário Quintana. E já que o assunto é beleza e poesia, mais um pouco de simplicidade em sua melhor expressão!



Tão linda e serena e bela
*


Tão lenta e serena e bela e majestosa vai passando a vaca

Que, se fora na manhã dos tempos, de rosas a coroaria
A vaca natural e simples como a primeira canção
A vaca, se cantasse,
Que cantaria?
Nada de óperas, que ela não é dessas, não!
Cantaria o gosto dos arroios bebidos de madrugada,
Tão diferente do gosto de pedra do meio-dia!
Cantaria o cheiro dos trevos machucados.
Ou, quando muito,
A longa, misteriosa vibração dos alambrados...
Mas nada de superaviões, tratores, êmbolos
E outros truques mecânicos!



Bilhete*

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...



*Os poemas citados acima foram tirados no site Jornal de Poesia. Poesia também é notícia.

sábado, 29 de julho de 2006

Feliz Aniversário!

Mais que uma saudação, Feliz Aniversário é também o título de um conto da escritora Clarice Lispector.

Publicado no livro Laços de Família, em 1960, o conto apresenta todos os elementos típicos de uma festa de aniversário: bolo, bebidas, docinhos, convidados, presentes e o principal, a aniversariante D. Anita, que faz “oitenta e nove anos, sim senhor! disse José, filho mais velho agora que Jonga tinha morrido. Oitenta e nove anos, sim senhora! disse esfregando as mãos em admiração pública e como sinal imperceptível para todos” (p. 74).

Engana-se, porém, quem pensa que “Feliz aniversário” trata-se de uma simples narrativa sobre o aniversário de D. Anita, promovido pela família. Ao contrário, nesse conto, somos convidados a participar de uma festa mais sutil, preparada com os melhores ingredientes que a linguagem pode oferecer e com único objetivo: fazer-nos provar este delicioso “bolo” narrativo.

Resista se puder, pois uma vez provado torna-se impossível ler apenas este único conto.
 
Para degustar “Feliz aniversário”, de Clarice Lispector leia aqui.

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Tudo tem um Início!

Início, começo, princípio, seja lá o nome, tudo tem um ponto de partida, uma origem. A vida tem um início. O trabalho tem um início. As aulas na escola têm um início. O horário eleitoral tem um início. As histórias, sejam elas ficcionais ou não, têm início. A Literatura tem um início. Enfim, tudo tem um início. E já que estou falando de início, melhor começar logo antes que o fim resolva dar o ar da graça!

Como o assunto em pauta é o início, decidi começar este blog pelo principio de tudo: a ideia!


A grande ideia: onde nasce o blog!



A ideia propriamente dita nasceu depois que visitei o blog de um colega (Ricardo Miyake, cujo blog Arquitetura da Palavra r
ecomendo e agradeço pela inspiração). De repente, notei que, assim como ele, poderia escrever e publicar um blog também.

Na realidade, escrever é um desejo antigo. Anterior a internet, ao blog, ao computador. Lembro-me vagamente de alguns textos que escrevi ao longo do meu ensino fundamental e médio, os antigos ginásio e colégio. Os primeiros textos eram poemas, se não me engano, registrados num pequeno caderno de brochura.

Passado a fase poética, parti para os textos em prosa. Pequenas narrativas também registradas em um caderno de brochura. Em geral, essas narrações ocupavam duas ou três folhas e eram sempre escritos a lápis! Surgiam naturalmente e tinham temas distintos. Um deles falava sobre uma flor rara que nasce em meio a um lixão, ou era um terreno baldio? Vai saber!

Hoje, passado alguns bons anos, arrependo-me de ter destruído esses textos. Porém, na época me pareceu a coisa certa a fazer: CHEGA!!!! NÃO VOU VAI FAZER ISSO!!!!!!

Já num tempo mais próximo, ou seja, o ensino médio; guardo (ou escondo???) algumas poesias “românticas” que lidas agora me dão... Enfim, elas existem e apesar de renegá-las veementemente; foram escritas ao longo da adolescência, em folhas soltas, sem obedecer a nenhum critério formal ou estético. Em outras palavras, típico texto juvenil feminino! Escritos no calor do amor e no frio do ódio!

Em meio a esta produção altamente não literária, há também alguns textos reflexivos, desenhos, frases de efeito duvidosas, projetos de escrita que jamais foram colocados em práticas, mas que agora ganham existência e liberdade para ocuparem seu devido lugar: a folha de papel.

Espaço para uma crônica

  A noite do barulho   Era 1h50 da manhã de sexta-feira quando fui dormir. Um pouco tarde, eu sei, mas o sono tem se atrasado ultimament...